Um grito amazônico: Reiner apresenta Elã, single que dá nome ao seu próximo disco

De Belém, ele retrata na faixa o impulso de criação que mantém viva a cultura nortista

| Foto: Duda Santana / Arte: Rodrigo Cantalicio

A palavra Elã, escolhida por Reiner para ser a faixa título de seu primeiro álbum de estúdio, traz um conceito emprestado do filósofo Henri Bergson, que cunhou o termo Elã Vital, em resumo: um desejo de criação, um impulso produtivo. O artista natural de Belém usa esta ideia para lançar luz às expressões artísticas de sua região. “A cultura do norte é deixada para trás em várias discussões até dentro da própria Amazônia. O Elã seria uma força que perdura desde quando o primeiro português colocou os pés em Belém. Essa força inexplicável não deixou os batuques de carimbó, lundu, ijexá e outros ritmos afro-indígenas desaparecem”, explica. A partir disso, ele apresenta a música que chega neste 15 de Agosto às plataformas de streaming, data que marca a Adesão do Pará à Independência do Brasil. Ouça aqui.

A faixa chega com um visualizer (assista aqui) com imagens de Duda Santana e direção criativa de Vinny Araújo, que comenta: “para ilustrar Elã, eu pensei no surreal, no que é mistério dentro da mente humana, e em como ela funciona. As distorções na música me inspiraram para criar as distorções visuais que representam o que chamamos de ‘erro na matrix‘, uma falha no sistema”.




Com produção musical de Léo Chermont (STROBO, os Amantes) e do próprio artista, Elã também retrata em sua essência a forma como a cultura amazônida é muitas vezes vista apenas como folclórica pelo sudeste do país. Musicalmente, provoca a partir de dualidades: guitarras e sintetizadores com distorção unem-se a ritmos de terreiro como o Congo de Ouro, coros de vozes inspirados em Os Tincoãs desaguam em batidas de funk, e as referências vão de Jup do Bairro e Mateus Fazeno Rock a Massive Attack e Portishead.

“Para além do eixo Rio-São Paulo, a própria elite belenense que gostaria de viver em Manhattan vê com maus olhos ter traços caboclos ou exaltar o que é nosso. Mas a cultura amazônida segue viva apesar do genocídio de indígenas e dos pretos diaspóricos”, comenta Reiner, que inicia os trabalhos do disco que chega em Outubro com o single homônimo. O álbum tem apoio do Edital de Música da Lei Paulo Gustavo do Pará.

Ouça “Elã” nas plataformas: https://play.shakemusic.com.br/ela

Sobre Reiner

Reiner é  músico e produtor musical que integra a nova geração da música de Belém (PA). Sua carreira é uma fusão de música tradicional e influências globais, combinando elementos da música negra brasileira com sons do resto do mundo. Começou a lançar músicas em 2016 com o EP Filho da Nuvem. Em 2021, lançou o EP Breu, em que o artista mergulha em questões como a experiência afro-brasileira e as complexidades da saúde mental. O trabalho entrou para a Hotlist da Rolling Stone e foi incluído na cobiçada playlist Indie Brasil do Spotify. Atualmente, Reiner dá início ao seu primeiro disco com a faixa-título Elã.

Sua jornada inclui também uma residência artística no programa LabSonora, experiência imersiva na Amazônia que resultou, entre outras coisas, na instalação Cabeças Sonoras, no Rio de Janeiro. Além disso, a performance experimental LabSonido no festival Sonido evidenciou ainda mais a influência amazônica em seu trabalho, demonstrando sua capacidade de transcender fronteiras musicais e culturais. Entre os pontos importantes de sua carreira está também a participação no festival Psica, em que dividiu o line-up com Elza Soares.

No álbum de estreia, Elã, ele vai dar continuação à sua exploração musical, misturando referências musicais diversas e abordando temas sociais relevantes, reafirmando a música como um veículo poderoso para expressar mudança e dar voz a questões cruciais.

Acompanhe Reiner nas redes:

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Neder de Paula

Neder de Paula

CEO e fundador do portal OverRocks e web rádio. Designer, webdesigner, videomaker, apaixonado pela família, quadrinhos, cinema, tv, UCM, DCU, metalhead desde os 12 anos e curador musical na Divulguei e Groover.