Tico Pereira é uma raridade, seja no Brasil, seja em qualquer outro lugar do planeta. Ele compõe, cria arranjos, é multi-instrumentista, produz tudo sozinho e ainda constrói os próprios instrumentos. Numa família de músicos, Tico começou a tocar guitarra por ter se apaixonado pelo punk californiano de The Offspring, Bad Religion e Pennywise. Depois de tocar em bandas de Pop Rock, montou sua própria banda punk para, posteriormente, se encontrar na música instrumental. Intercalando trabalhos autorais e versões, lançou os EPs “Deafy Space” (2020) e “592” (versões), além dos álbuns “City Lights” (2021), “Funk U” (2023) e o mais recente “The Brazilian” (versões). Conheça mais sobre este talentoso músico neste bate-papo.
Tico, comente sobre o início na música, estudos de guitarra e violão, formação acadêmica. Quais suas influências musicais? O que inspira a compor músicas de estilos diversos?
Eu comecei a tocar guitarra por causa do meu pai e também porque era muito tímido e não pegava ninguém na escola. Só fui fazer aula de guitarra porque me formei em bacharel em guitarra pela Universidade UniSant’Anna. Sempre curti música punk, mas quando comecei a compor pirei mais em bandas progressivas: Genesis, Pink Floyd, Yes, Primus e Hendrix. Eu componho de tudo porque acho que a arte é uma constante evolução e desafio. Acho ruim um artista ficar sempre num mesmo lance. O lugar comum me irrita profundamente. Artisticamente o melhor do melhor não existe.
Você tem a guitarra como instrumento principal, mas é um caso raro de multi-instrumentista no Brasil. Quais outros instrumentos você toca?
Toco guitarra, ukulele, baixo, banjo, bateria, e cato milho no piano. Sempre quis ser um puta batera, mas toco pro gasto.
Suas músicas fogem do estereótipo ‘guitar hero’. Conte-nos como funciona o processo de composição e criação dos arranjos. Você inicia as composições sempre na guitarra?
Ah legal! Obrigado por perceber. Detesto esses cabelos ao vento e caras de dor. Tem uma infinidade de guitarristas fodas que não são exagerados: Albert Lee, Billy Gibbons, John Pizzarelli, Joe Bonamassa. Demoro pra compor, mas sou rápido em gravar. Tenho facilidade. Começo na guitarra, ou no violão, raramente baixo e bateria. Salvo ideias no computador e celular.
Além de tocar vários instrumentos, você também produz as próprias músicas. Sobre o processo de gravação e produção, registro dos instrumentos, assim como também mixagem e masterização, como você trabalha?
Gravar e mixar tudo tem a vantagem de sair basicamente do jeito que imaginei. O mais difícil pro músico e compositor é você tirar algo que só existe na sua cabeça e transformar em algo palpável para outra pessoa ouvir. A desvantagem é que a música é uma interação. Tocar com outro músico é mais íntimo que transar, entende? É uma conexão foda. Trabalhar sozinho é um risco, pois é bem provável que você fique numa bolha. Basicamente um moleque na frente do computador.
Após lançar trabalhos autorais na estreia “City Lights” (2021) e “Funk U” (2023), você apresenta versões para clássicos do Queen, Van Halen, The Beatles, Motörhead, Carlinhos Brown e outros no novo álbum “The Brazillian”. Qual o objetivo em produzir um álbum covers? Qual a inspiração para a capa? O que deseja transmitir com arte?
Gosto de releituras. Acredito que precisam ser completamente diferentes das originais. Tocar músicas dos outros é uma forma de homenagear meus ídolos e executar obras que marcaram minha história. Como é um álbum de covers, fiz uma capa, que pra mim, fez parte da minha construção musical. A capa é inspirada no Invisible Touch (1986), do Genesis. Também acrescentei um anjo pra homenagear a Igreja Messiânica, que pratica o Johrei, que é justamente levantar a mão e aplicar a luz de Deus em outra pessoa. Pra mim faz sentido.
Tico, além de compositor, multi-instrumentista e produtor, você é luthier. Quais/quantos instrumentos construiu? Comente sobre a arte de construir instrumentos musicais.
Construí guitarras e contrabaixos. Eu comecei a arrumar e construir porque um luthier uma vez quebrou um instrumento meu. Pra não bater no cara eu resolvi aprender a mexer e uma coisa levou a outra. Tenho o maior tesão nisso. Tem uma música minha chamada “Palomitas”. Eu encontrei um violão todo fodido na rua. Peguei, limpei, consertei e gravei uma música. Achei isso foda!
Quando pensei que não me surpreenderia com você, me deparei com o projeto Lokahi, que faz versões instrumentais no estilo havaino para festas de casamentos e eventos corporativos. Achei bastante promissor. O que te inspirou a criar o Lokahi? Como está a agenda e expectativas para 2025?
Começamos na faculdade. Na verdade queríamos montar uma banda onde pudéssemos ir de ônibus pro local! Músicos. Aí tivemos essa ideia. Os outros dois meninos já tocavam seus instrumentos (violino e bongô). Eu aprendi a tocar ukulele no processo de criação da banda. Fazemos versões lindas, leves e emocionantes. Nosso grande lance é que não somos parecidos com outras bandas que fazem música de uma forma mais séria. Fazemos mais leve e divertido. Fizemos um casamento onde a noiva estava descalça e entrou dançando. Foi bem legal. A banda é demais. Não é porque é minha não. Olhando de fora acho muito bonito e original. Temos casamentos, debutantes e festas típicas marcadas para o ano que vem. As festas típicas eu convido vocês quando estiver perto.
Ainda há possibilidade de projetos em parceria com outros artistas? Pretende lançar novas músicas autorais em 2025? Deixe um recado para nossos leitores, onde podem conhecer seu trabalho e links para contato.
Tenho composto coisas pra amigos cantarem. Detesto cantar! Eu cantava quando era moleque, mas hoje em dia… Música autoral talvez só em 2026. Acho que o álbum The Brazilian merece ser bem ouvido. Estou muito satisfeito com o resultado. Pessoal, ouçam o álbum The Brazilian, tem de tudo, Rock, Bossa, Psicodélico e homenagens. É um álbum fora da caixa. Ouvidos abertos! Se gostarem eu agradeço… se não gostarem eu agradeço também. Para acompanhar meu trabalho acesse @ticopereiramusic no Instagram e no YouTube https://www.youtube.com/@TicoPereiraMusic/videos. Fiquem com Deus!