
No cenário da música independente e da cultura underground, onde a autenticidade e a experimentação são pilares, surge Pássaro Futuro, um álbum que transcende rótulos e convida o ouvinte a um voo poético-musical. Fruto da união entre a poeta e cantora Consuelo de Paula e a compositora e instrumentista Regina Machado, o disco chega às plataformas digitais em 14 de fevereiro de 2025 pelo selo Belic Music, trazendo 11 faixas que misturam poesia, melodia e espiritualidade em uma obra que desafia as convenções do mercado musical.
O projeto nasceu de forma orgânica durante a pandemia, quando Consuelo enviou uma letra para Regina, que, quase que instantaneamente, compôs a música de “Canto de Chegança”. Esse foi o pontapé inicial de um processo criativo intenso, descrito pelas artistas como um “surto criativo de 40 dias”. O resultado é um álbum que se desdobra como um roteiro narrativo, onde o “pássaro do futuro” surge, se instala e, ao final, deixa marcas de seu voo, refletindo sobre a existência humana como parte integrante da natureza e do universo.
Pássaro Futuro não é apenas uma coleção de músicas, mas uma experiência sonora e poética que convida o ouvinte a mergulhar em seu contexto pleno. “O álbum é a ‘voz’ do artista”, afirma Regina, enquanto Consuelo complementa: “Queremos convidar o ouvinte a desfrutar do roteiro que criamos, a se deliciar não só com cada faixa, mas com a obra como um todo”.
Os arranjos, criados coletivamente com a colaboração de músicos convidados como Mário Manga (violoncelo), Guilherme Ribeiro (piano e acordeom), André Rass e Nicolas Farias (percussões), dialogam com o silêncio, as pausas e as danças, criando uma textura sonora que permite ouvir “o vento, as fugas e o bater das asas desse Pássaro Futuro”, como poetiza Consuelo.
Originalidade e espiritualidade em sintonia
O disco se destaca por sua originalidade, fugindo de fórmulas previsíveis ao trazer melodias sinuosas e letras de estrutura poética elaborada. As músicas de Regina nasceram conectadas aos versos de Consuelo, criando uma simbiose entre palavra e som. “Esse trabalho traduz nossa espiritualidade por meio da arte e elucida um pouco da nossa devoção à música… Tudo tem um certo mistério”, reflete Regina.
A capa do álbum, criada pela artista visual Tarita de Souza, complementa a proposta musical com uma imagem que sugere movimento, usando uma paleta de cores centrada no azul, amarelo e traços de vermelho.
Assista ao clipe de “Ave Passageira”:
As faixas e seus significados
O álbum abre com “Ayrá”, uma celebração ao orixá associado ao vento, que propõe um momento suspenso antes do começo. A segunda faixa, “Plumagem”, apresenta o tema central da obra, dialogando com a cosmologia tupi-guarani e trazendo reflexões sobre a gênese cultural.
“Canto de Chegança”, a música que deu origem ao projeto, fecha a primeira parte do álbum com narrativas singulares e uma estrutura rítmica que se desdobra para o inesperado. Já na segunda parte, destaque para “Mainu”, que celebra o beija-flor como o primeiro som do mundo, e “Ave Grande”, que traz o pássaro como uma entidade misteriosa.
O xote “Ave Passageira” alerta para as aves extintas ou ameaçadas de extinção, enquanto “Ave-preta” conduz o ouvinte a um lugar de magia. “Vento-mar” evoca ausências e espaços vazios, fechando o segundo momento do álbum.
A despedida começa com “Noturna Canção”, um solo de Consuelo que retrata a noite na cidade, e segue com “Passarim-roseira”, uma vinheta que marca o instante final do voo. O álbum se encerra com “Atiaru”, uma canção contundente que celebra Tupã como um deus-pássaro, encerrando o roteiro com uma reflexão sobre a natureza e a humanidade.
Um presente para os ouvintes
Para Regina, Pássaro Futuro representa a materialização do poder de criar, insistindo em um voo que parece ter sido esquecido. “Pássaro Futuro voa contra a ventania, contra o tempo do consumo, e arrisca uma musicalidade que envolve quem se deixa abraçar por ela”, diz. Consuelo complementa: “É um presente, um sopro de inspiração entre a brisa e a ventania, cheio de luminosidades, frestas e brechas”.
No cenário underground, onde a busca por autenticidade e profundidade é constante, Pássaro Futuro se apresenta como uma obra essencial, um convite para refletir, sentir e voar junto com as artistas em um trajeto repleto de poesia, música e espiritualidade.
Por Verbena Comunicação