A Claque e a angústia contemporânea: “Aporia” como expressão dos tempos incertos
A aporia nos cerca. Essa sensação de estar preso a uma dúvida insolúvel, sem respostas definitivas, define o espírito do tempo. O trio formado por Júlio Oliveira (guitarra e voz), André Carvalho (bateria) e Érico Oliveira (baixo), todos com mais de 40 anos, não poderia se calar diante desse sentimento. Longe dos clichês herdados dos Velhos Dinossauros do Rock, eles compreendem que, se há algo constante, é a mudança – e ainda assim, o presente assusta.
Dessa inquietação nasce “Aporia”, o álbum de estreia d’A Claque, que transforma esse desconforto em música. O disco é um reflexo do que vivemos: dilemas existenciais, transformações sociais e crises pessoais, tudo sem respostas fáceis.
O repertório aborda temas como corrupção e ganância (“Caixa Dois”, “Dinheiro”), a instabilidade do mundo (“De Pernas pro Ar”), mudanças internas (“Parte do que Somos”, “Todo Ouvidos”) e fenômenos sociais contemporâneos (“Herói de Facebook”). Há ainda faixas que lidam com a inevitabilidade do tempo (“Iguais”, “Oxímoro”) e o desejo de fuga ou reinvenção (“Voltar no Tempo”, “Noites em Claro”, “Fábula”).
Com letras afiadas e instrumentação densa, A Claque entrega um álbum que não traz soluções, mas provoca reflexões. As faixas estão disponíveis nas principais plataformas de streaming, além de uma edição especial em vinil para os colecionadores. E a experiência vai além do estúdio: a turnê de lançamento acontece entre junho e julho de 2024, levando essa inquietação sonora aos palcos.
O rock segue como forma de resistência e expressão, e A Claque prova que ainda há muito a dizer – mesmo quando as respostas parecem inalcançáveis.
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