Cynthia Ross: Atitude e legado além da The ‘B’ Girls

A banda canadense The ‘B’-Girls foi um importante símbolo de resistência feminina e um dos nomes mais marcantes da cena punk norte-americana.

As meninas do grupo eram essencialmente undergrounds e tinham o D.I.Y como lema: faziam seus próprios cartazes de divulgação, criavam suas camisetas e agendavam os próprios shows. Sem terceiros, sem maiores interferências. Ademais, as garotas mantinham entre si a regra de não subir aos palcos com roupas curtas ou decotadas, pois queriam ser reconhecidas e conquistar espaço por seus próprios méritos, talentos e pela arte que criavam.

Cynthia Ross, aclamada baixista da banda, a esse respeito, declarou numa entrevista concedida ao portal Please Kill Me: “Estávamos indo contra a ideia de sermos somente um objeto sexual no palco, incapaz sequer de tocar um instrumento”. Ross ainda contou ao mesmo site acima citado, que em meados dos anos setenta, inúmeros garotos estavam formando bandas e, durante um tempo, as meninas que os conheciam apenas se sentavam para assisti-los.

Cynthia achava ótimo contemplar bons músicos e gigs, mas quando percebeu que esse cenário se consolidava de forma quase restrita aos homens, pensou em formar sua própria banda para tentar alterar essa tendência predominantemente masculina. Nas palavras de Cynthia Ross, o contexto do movimento punk serviu como combustível para elevar a condição das mulheres: “Foi um momento em que as mulheres perceberam que tinham poder”.




O grupo The ‘B’ Girls, infelizmente não teve uma vida muito longa, mas a baixista se destacou bastante no cenário underground mesmo após a dissolução de sua banda. Ela, que viveu na pele toda a energia, fúria e frustração que compuseram o punk rock, se manteve ativa, tendo tocado em outras duas notáveis bandas independentes de Nova Iorque, chamadas New York Junk e ElectraJets.

Além disso, Ross continuou firme, escrevendo poesias, registrando seus pensamentos e mantendo aceso em si o espírito punk dos anos setenta do qual muitos dos grandes e principais nomes do movimento punk se distanciaram com o tempo. Ela apoia e acompanha o movimento de novas bandas emergentes, como a Tchotchke, por exemplo, que é formada somente por mulheres.

Numa época como essa em que vivemos, repleta de tanta efemeridade e músicas enlatadas, precisamos valorizar pessoas revolucionárias como Cynthia Ross e outras tantas que foram imensamente talentosas na era punk e que nos deixaram um legado vasto, inspirador e altamente precioso, não apenas no que diz respeito ao universo musical, mas, sobretudo – e principalmente, em relação a comportamento e atitude. A história de Cynthia Ross é repleta de lutas, conquistas e bons ensinamentos, especialmente para o público feminino.





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