Claustrofobia e os bastidores da criatividade com a faixa “NOTA 6.66”
A união única entre o metal e a percussão do samba surpreende e marca uma experiência inesquecível para a banda e seus fãs.
A cena do rock independente brasileiro tem sido palco de experimentações e fusões sonoras únicas, e a banda Claustrofobia não ficou para trás. Em uma revelação exclusiva publicado originalmente no site da Revista Arte Brasileira, publicada em maio de 2017, Marcus D’Angelo, guitarrista e vocal da banda, compartilhou detalhes fascinantes sobre a faixa “NOTA 6.66” do álbum Peste.
A música, que recebeu esse título peculiar, é uma mistura arrebatadora entre o peso do metal e a envolvente percussão do samba. Marcus D’Angelo conta que a inspiração para essa fusão surgiu de suas memórias de infância, quando seu pai tocava samba no quintal de casa durante animados churrascos. A paixão pela percussão do samba foi compartilhada com Caio D’Angelo, seu irmão e baterista da banda, que teve a ideia de incorporar esse elemento ao som do Claustrofobia.
O processo criativo da faixa teve início quando Caio ouviu um breque tradicional criado pelo grupo Batuque de Corda, amigos de infância da banda. Eles não hesitaram em gravar esse momento único e desafiador. Marcus D’Angelo relembra o choque ao ouvir a precisão da percussão e como isso desencadeou a vontade de explorar ainda mais essa fusão sonora.
A banda, influenciada pela velha guarda do samba e pelos amigos do Batuque de Corda, decidiu gravar a faixa como parte oficial do álbum Peste. A experiência foi intensa, com a faixa ultrapassando os seis minutos de duração, mergulhando os ouvintes em uma jornada musical única.
“Não tivemos dúvidas para gravar como faixa oficial no álbum com mais de 6 minutos de duração. Acho importante mencionar que isso não foi nenhuma revolução, visto que Sepultura e outras bandas desbravaram esse flerte com ritmos brasileiros antes, porém além dessa barreira quebrada que aderimos desde cedo, amávamos o estilo da percussão do samba, e a forma que a gente fez nunca ouvi nada parecido”, explica Marcus D’Angelo.
Ouça “Nota 6.66”:
A faixa “NOTA 6.66” foi tocada ao vivo duas vezes, proporcionando à banda uma energia incrível e uma recepção positiva, mesmo entre os fãs mais radicais do samba e do metal. A decisão de nomear a faixa com o peculiar “6.66” reflete a visão da banda sobre a dualidade brasileira, capturando a alegria cotidiana contrastada com os desafios e as controvérsias do país.
O futuro reserva mais experimentações e passos ousados para a banda Claustrofobia. Marcus D’Angelo revela: “Sem dúvidas vamos fazer isso ao vivo novamente num momento oportuno e também dar mais algum passo juntos pois foi uma experiência inesquecível. A faixa é instrumental, então decidimos nomear como NOTA 6,66, algo como a alegria do Brasileiro no dia a dia, rastejando de trabalhar pra sobreviver, tomando sua cachaça no fim de semana enquanto sustenta bastidores de corrupção extrema. E a verdadeira trilha sonora do Brasil”.